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Setor do audiovisual protesta contra mudanças na regulação do streaming

Setor do audiovisual protesta contra mudanças na regulação do streaming

Setor do audiovisual protesta contra mudanças na regulação do streaming

Profissionais do setor audiovisual brasiliano, incluindo cineastas, roteiristas, produtores e técnicos, protestaram nesta segunda-feira (3) em diversas capitais contra o Projeto de Lei 8.889/2017, que propõe a regulação das plataformas de streaming no Brasil. Os atos, batizados de “Pega a Visão: Ato pelo VoD”, contestam o relatório do deputado federalista Dr. Luizinho (PP-RJ), que pode ser votado esta semana na Câmara dos Deputados. O movimento alega que o texto atual representa um “risco histórico de desmonte da indústria audiovisual pátrio”, favorecendo grandes empresas estrangeiras.

As manifestações ocorreram simultaneamente em frente à sede da Filial Vernáculo do Cinema (Ancine), no Rio de Janeiro, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, no Cine Walter da Silveira, em Salvador, e também em Porto Prazenteiro. Uma novidade revelação está prevista para esta terça-feira (4), em Brasília, no Congresso Vernáculo.

O que propõe o relatório
O ponto medial da discórdia é o relatório do deputado Dr. Luizinho sobre o projeto de lei, que define a cobrança da Imposto para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Vernáculo (Condecine) de serviços uma vez que Netflix, Prime Video, Globoplay e também de redes sociais que compartilham vídeos, uma vez que YouTube, Instagram e TikTok.

O texto do relator propõe:
. Alíquota máxima de 4% da Condecine sobre o faturamento anual (posteriormente tributos indiretos) para plataformas de streaming. Para redes sociais (YouTube, TikTok), a alíquota seria de 2%.

. Desalento de 70%: As plataformas poderiam usar até 70% do valor devido da Condecine para investir em projetos próprios.

. Quinhão mínima de 10% de obras nacionais nos catálogos das plataformas.

No relatório, o deputado Dr. Luizinho defende que o PL traz uma “teorema madura, que assegura estabilidade entre um envolvente concorrencial justo, que estimula a livre iniciativa e a inovação tecnológica, e um ecossistema audiovisual dinâmico, que garante a soberania cultural”.

Críticas e reações do setor
O movimento audiovisual alega que o relatório contraria o parecer técnico da Ancine e do Ministério da Cultura (MinC), além de consensos construídos com a sociedade social.

Uma nota técnica da Ancine e do MinC aponta que o relatório pode provocar uma redução drástica nos recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e furar brechas para autodeclaração de receitas, dificultando a fiscalização. Ou por outra, permitiria que empresas estrangeiras criassem “produtoras nacionais” controladas no país, enfraquecendo a independência do setor.

A cineasta Lúcia Murat, do Juízo Consultivo da Associação Brasileira de Cineastas (Abraci), classificou a proposta de desconto de 70% uma vez que uma distorção. “Isso transforma a regulação numa espécie de ‘Lei Rouanet para os streamings’. É uma loucura — moeda público para companhias estrangeiras. Não pode passar”, disse, afirmando ser uma ameaço à autonomia criativa e à sobrevivência das produtoras independentes.

Tatiana Lohmann, vice-presidente da Associação Paulista de Cineastas (Apaci), afirmou que o texto “vem referto de armadilhas e dubiedades”. “As plataformas operam no Brasil sem transparência sobre lucros e remessas de receita. Esse PL precisa ser barrado para que possamos propor uma regulação justa”, declarou.

Para Paulo Marcelo, representante da Associação Brasileira de Autores Roteiristas (Abra), o necessário é prometer que a Condecine abasteça o FSA e que a prestação seja “de produção brasileira independente, com os direitos patrimoniais nas mãos de empresas nacionais”.

A produtora Clarissa Guarilha, do filme “Levante”, destacou a falta de conversa com o setor. “Estão votando um projeto sem diálogo com quem faz o audiovisual. […] O cinema independente é o que garante que nossas histórias sejam contadas por nós mesmos, sem depender de interesses de grandes corporações internacionais.”

Manifesto e pressão sobre o governo
Uma Epístola-Manifesto assinada por nomes uma vez que Anna Muylaert, Gabriel Mascaro, Laís Bodanzky, Jorge Furtado, Marieta Severo, Matheus Nachtergaele, Daniela Thomas, Kleber Mendonça Fruto e Joel Zito Araújo, entre mais de milénio pessoas do setor, afirma que o projeto “coloca o porvir da produção audiovisual à mercê de empresas estrangeiras”.

O documento foi endereçado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao presidente da Câmara, Hugo Motta, e aos líderes partidários. O texto ofídio um posicionamento do governo.

“Deve-se lembrar ao presidente Lula: a cultura o apoiou na eleição acreditando em uma política audiovisual séria e efetiva. […] Esperamos que o governo Lula e o Congresso Vernáculo possam prometer mais do que festejar o cinema pátrio em tapetes vermelhos mundo afora”, diz o manifesto.

Durante o ato em São Paulo, Mauro D’Addio, presidente da Apaci, criticou o governo. “Onde está o Lula? Onde está Geraldo Alckmin? Cadê o [Fernando] Haddad? A gente precisa de vocês agora.”

A produtora Sara Silveira também discursou na Cinemateca: “Que eles [empresas de streaming] trabalhem para nós”, disse. “Esse Doutor Luizinho, a gente não sabe de onde saiu”.

O que pede o setor
As 12,5 milénio produtoras independentes brasileiras pedem o procrastinação da votação e a repudiação imediata do relatório de Dr. Luizinho, com a retomada das premissas do texto anterior, relatado pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

As principais reivindicações são:
. Condecine de no mínimo 6% (contra os 4% propostos).
. Destinação prioritária dos recursos ao FSA (sem o desconto de 70% para as próprias plataformas).
. Quinhão mínima de 20% de obras nacionais nos catálogos (contra os 10% propostos).
. Garantia de que os recursos públicos sejam usados exclusivamente para a produção independente brasileira.

Outros setores têm posições diferentes. A associação das grandes empresas de streaming (Strima) defendia 3% de alíquota, enquanto empresas de tecnologia uma vez que o YouTube defendem não possuir cobrança.

natividade

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