Brasil levanta alerta para surto de sarampo depois queda na cobertura vacinal
O Ministério da Saúde publicou alerta para que estados e municípios reforcem a vigilância e as ações voltadas aos indivíduos com sinais e sintomas de sarampo. Segundo a pasta, foram confirmados 34 casos leste ano até a Semana Epidemiológica 38, que corresponde ao período de 29 de setembro a 5 de outubro. A preocupação é evitar a reintrodução do vírus no país.
Dos casos confirmados, nove foram importados por pessoas que regressaram do estrangeiro, 22 ocorreram depois contacto com indivíduos infetados fora do país e três eram geneticamente compatíveis com vírus que circulam noutras nações. Até o momento, os estados de Tocantins, Maranhão e Mato Grosso estão classificados porquê portadores de surto de sarampo.
A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, explica que a baixa cobertura vacinal tem contribuído para o retorno da doença ao Brasil.
“Sempre existiram casos importados — tanto de estrangeiros que vieram para cá quanto de brasileiros que viajaram e voltaram com sarampo —, mas a situação foi controlada porque a vigilância foi eficiente. O vírus encontrou uma população vacinada e não causou surtos. Agora, chega e encontra muitas pessoas suscetíveis”, ele afirmou.
Surtos
No Tocantins, o surto começou em julho, no município de Campos Lindos, nordeste do estado. O caso está relacionado ao retorno de quatro brasileiros que passaram um mês na Bolívia. A comunidade onde residem apresenta baixa adesão à vacinação, o que favoreceu a rápida disseminação do vírus.
No Maranhão, há somente um caso confirmado: o de uma mulher de 46 anos, não vacinada, moradora de Carolina, que teve contato com pessoas da comunidade Campos Lindos. Os dois municípios ficam na mote entre os estados.
No Mato Grosso, os casos não têm relação com Campos Lindos, mas também tiveram origem em brasileiros que estiveram na Bolívia. O surto começou em Primavera do Leste e atingiu três pessoas da mesma família, todas não vacinadas.
Cobertura vacinal
Dados da Rede Pátrio de Dados em Saúde (RNDS) mostram que, em 2024, o Brasil registrou cobertura vacinal tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) de 95,7% na primeira ração e 74,6% na segunda.
Em 2025, houve queda, colocando o índice aquém da meta de 95%. As coberturas das doses 1 e 2 são, respectivamente, de 91,2% e 74,6%.
Segundo o Ministério da Saúde, percentuais aquém da média indicam vulnerabilidade à reintrodução do vírus, reforçando a premência de intensificação da vacinação.
Isabella Ballalai explica que o tamanho do país e as desigualdades regionais dificultam a uniformidade na cobertura vacinal. “As médias nacionais estão próximas da meta, mas não há homogeneidade. Dentro de um mesmo estado, existem realidades muito diferentes. No Rio de Janeiro, por exemplo, a cobertura na capital é boa, mas a cobertura do estado é a segunda menor do país”, engrandecido.
O técnico destaca ainda que a baixa percepção de risco da população é um fator que dificulta a imunização. “A ciência comportamental mostra que, se a pessoa não percebe o risco, ela não se mobiliza. Mas, quando o risco é visível, há uma reação imediata. Foi assim com a febre amarela: a cobertura era de 40%, até começarem os surtos e as mortes. Depois, houve filas nos postos de saúde.”
Casos não mundiais
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre o início do ano e 9 de setembro, foram registrados 360.321 casos suspeitos de sarampo em 173 países, dos quais 164.582 foram confirmados.
As regiões com maior número de ocorrências são o Mediterrâneo Oriental (34%), África (23%) e Europa (18%).
Nas Américas, foram confirmados 11.691 casos e 25 mortes em dez países. Os maiores números ocorreram no Canadá (5.006), México (4.703) e Estados Unidos (1.514). Na América do Sul, há surtos ativos na Bolívia (320 casos), Paraguai (50) e Peru (quatro). A Argentina também registrou um surto, com 35 casos confirmados.
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