Câmara e Senado agravam crise com Lula e colocam em risco agenda do governo
A crise institucional entre as lideranças do Congresso Pátrio e o governo federalista atingiu novo patamar de tensão nesta quarta-feira (26). A falta deliberada dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), na cerimônia de sanção da isenção do Imposto de Renda, no Palácio do Planalto, simboliza o rompimento das relações políticas e coloca em risco a aprovação de agendas prioritárias do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O boicote, articulado em conjunto pelos dois parlamentares, sinaliza dificuldades imediatas para o Executivo. Entre os assuntos ameaçados estão a elaboração do Orçamento de 2026, ano eleitoral, a Proposta de Modificação da Constituição (PEC) da Segurança Pública e, principalmente, a aprovação do nome de Jorge Messias para uma vaga no Supremo Tribunal Federalista (STF).
Nesta quinta-feira (27), o Congresso se reúne para investigar os vetos presidenciais e a expectativa nos bastidores é de que o governo sofra novas e significativas derrotas.
O eixo do conflito no Senado
A relação entre Davi Alcolumbre e o Planalto se deteriorou depois a nomeação de Jorge Messias, atual procurador-geral da União, para a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso, que se aposentou em outubro. Alcolumbre, que foi principal garantidor de Lula no Legislativo, defendeu a indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Em retaliação, o presidente do Senado agiu para minar a aprovação do Messias. Ele marcou a sabatina na Percentagem de Constituição e Justiça (CCJ) para o dia 10 de dezembro, impondo prazo limitado para pronunciação do indicado. Aliás, Alcolumbre aprovou um projeto que concede aposentadoria próprio a agentes comunitários de saúde, gerando um impacto multimilionário nas contas públicas, uma mensagem direta de insatisfação.
Tensão da câmara e isolamento do TP.
Na Câmara dos Deputados, Hugo Motta também acumula reclamações. A cisão tornou-se pública depois divergências com o líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), sobre a eleição de Guilherme Derrite (PP-SP), coligado de Tarcísio de Freitas e opositor do governo, porquê relator do projeto antifacção. Motta acusa ministros porquê Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Fernando Haddad (Tesoura) e a Secretaria de Informação Social (Secom) de incentivarem ataques contra ele e a Câmara nas redes sociais e de agirem de forma “desleal”.
Para proteger o seu procuração e prometer a governabilidade independente do Planalto, Motta formou um “superbloco” parlamentar com 275 deputados. A associação reúne oito partidos, entre eles PSD, União Brasil, PP, MDB e Republicanos, isolando tanto o PT quanto o PL. Com esta maioria, o grupo tem o poder de legalizar emergências e ditar o ritmo da agenda legislativa sem depender da esquerda ou da direita radicais.
Prisão e anistia de Bolsonaro
Enquanto a crise com o governo se agrava, a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou em segundo projecto no Congresso. Represado preventivamente no sábado (22) e cumprindo pena de 27 anos desde terça (25) por participação em trama golpista, Bolsonaro recebeu pedestal tímido. Exclusivamente sete senadores o defenderam na plataforma e não houve obstruções eleitorais ou protestos significativos.
A agenda de anistia aos envolvidos no dia 8 de janeiro continua bloqueada. Hugo Motta destacou que só admitiria levar o texto ao plenário se oriente se limitasse à redução das penas, enquanto o PL insiste na anistia totalidade. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) admitiu o impasse e sugeriu que o momento exige “mais estratégia e menos radicalidade”.
Reação do governo
Os interlocutores de Lula defendem uma ação direta do presidente para reduzir a tensão ambiental, alertando que as relações institucionais não devem ser contaminadas pelo debate político. No entanto, aliados do governo afirmam que as ações de Motta, porquê guiar projetos contrários aos interesses do Executivo e escolher relatores da oposição, têm consequências políticas e inflamam os ânimos.
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