Espírito Santo confirma primeira morte por Oropouche
Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (10), a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) confirmou a primeira morte por Oropouche no Espírito Santo. A vítima é uma mulher de 61 anos, residente no concelho do Fundão, que faleceu no dia 28 de agosto deste ano. O caso foi confirmado oficialmente em seguida uma série de análises, que identificaram o vírus Oropouche porquê o agente originador da morte.
O subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, e o coordenador do Laboratório Mediano de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES), Rodrigo Rodrigues, apresentaram detalhes da pesquisa e dados atualizados sobre a doença no estado. Segundo Rodrigues, “A investigação do óbito foi feita de forma muito minuciosa, utilizando diferentes métodos para varar possíveis causas e confirmar, de vestimenta, Oropouche. Testamos a modelo para 295 patógenos e unicamente Oropouche apareceu.” A morte de Fundão é a primeira registrada no estado, mas outras duas estão em investigação.
O Oropouche é um arbovírus transmitido pelo mosquito Maruim, dissemelhante do Aedes aegypti, transmissor da dengue e da chikungunya. Segundo o subsecretário Cardoso, “o maruim tem um ciclo dissemelhante, pois necessita de material orgânica, porquê folhas em desagregação encontradas na zona rústico”. Ele também observou que embora o mosquito possa estar presente em áreas urbanas, a maioria dos casos no estado são notificados em áreas rurais. Cardoso enfatizou que não há recomendação para o uso de inseticidas, uma vez que o Maruim possui características diferentes dos demais mosquitos.
Até terça-feira (10), o Espírito Santo registrou 2.840 casos confirmados de Oropouche, segundo o sistema e-SUS de Vigilância em Saúde. No Brasil, o totalidade de casos é de 9.609, com mortes confirmadas em outros estados, incluindo duas na Bahia e uma em Pernambuco.
Protocolos e treinamento no Oropouche
Em abril deste ano, o estado confirmou o primeiro caso de Oropouche. Desde logo, a Sesa implementou uma série de medidas, porquê o desenvolvimento de protocolos clínicos para profissionais de saúde e treinamentos em todo o território. Cardoso destacou que, nesta terça-feira, uma equipe do Instituto Evandro Chagas, referência no estudo da doença, está colaborando com profissionais capixabas na coleta do Maruim, transmissor do vírus.
Na próxima semana, o estado receberá a visitante de representantes do Ministério da Saúde, da Instauração Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Evandro Chagas para aprimorar os protocolos de combate ao Oropouche, com ênfase na proteção das gestantes, grupo vulnerável à doença .
Transmissão vertical de Oropouche em gestantes
A Sesa também alertou sobre os cuidados necessários durante a gravidez, pois já foram identificados casos de transmissão vertical do Oropouche. “É importante que as gestantes evitem áreas onde o mosquito transmissor está presente, principalmente porque temos subida incidência da doença e infestação do vetor”, disse o subsecretário Orlei Cardoso. Ele recomendou que, caso não seja provável evitar essas áreas, as gestantes usem roupas de mangas compridas e repelentes específicos para o período gestacional. A Secretaria também reforçou a vigilância de novos casos e publicou a Nota Técnica nº 10/2024 sobre transmissão vertical do Oropouche.
Cenário de dengue e chikungunya
Além do Oropouche, a Sesa também atualizou dados de outras arboviroses no estado, porquê dengue e chikungunya. Até a semana epidemiológica 49 de 2024, o Espírito Santo registrou 238.992 notificações de dengue, com 156.703 casos prováveis e 41 óbitos. Em relação ao ano pretérito, houve aumento de 29,4% nos casos notificados de dengue e de 18,3% nos casos prováveis. Por outro lado, o número de óbitos e casos graves apresentou uma queda significativa, com redução de 57,2% nos óbitos e 31,1% nos casos graves em relação a 2023.
Nos casos de chikungunya, o número de notificações aumentou 23,9%, com aumento ainda mais significativo de 165,6% nos casos prováveis.
O Oropouche fora da região amazônica
O Espírito Santo foi um dos primeiros estados fora da região amazônica a registrar a circulação do Oropouche, em abril deste ano. A expansão da detecção para estados não endêmicos foi provável devido à metodologia de Biologia Molecular adotada pelo Lacen/ES, que passou a realizar análises de todas as amostras de arbovírus negativas para dengue, Zika e chikungunya.
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