Surto em hospital de Vitória: Secretaria de Saúde publica normas para identificação e tratamento de casos
A Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) publicou nota técnica que estabelece protocolos oficiais para a surto de origem ainda desconhecida no Hospital Santa Rita, em Vitória. O documento, divulgado neste domingo (26), define regras para notificação, exames e tratamento, e determina que todos os serviços de saúde adotem cuidados com aerossóis. A medida foi adotada porque, segundo a nota, “a possibilidade de transmissão de pessoa para pessoa não pode ser descartada”, visto que o agente ocasionador ainda é ignoto.
A investigação solene sobre o aumento de casos de síndrome respiratória aguda na unidade começou no dia 19 de outubro. O protocolo determina que as vigilâncias estaduais e municipais continuem monitorando os casos e aguardando resultados laboratoriais conclusivos.
O que define um caso suspeito
A nota técnica estabelece uma definição clara para novos casos suspeitos. É considerado suspeito o paciente com vínculo epidemiológico ao Hospital Santa Rita em seguida 20 de setembro de 2025 que apresente febre e pelo menos dois dos seguintes sintomas: dor muscular (mialgia), dor de cabeça (cefaléia) ou tosse.
O documento destaca um importante critério de exclusão: para ser considerado suspeito neste surto, o paciente não deve apresentar dor de gasganete, coriza ou perda de olfato ou paladar. Alternativamente, também se qualificam pacientes com febre, alterações radiológicas e pelo menos um dos outros três sintomas (mialgia, dor de cabeça ou tosse).
Qualquer caso que se enquadre nessa definição deverá ser notificado obrigatoriamente em até 24 horas no sistema eSUS-VS, sob o código “R69.9 – Evento de Saúde Pública”. Caso o paciente seja empregado por conta de outrem, o serviço deverá marcar a opção “Doença relacionada ao trabalho”.
Protocolo de isolamento e sobreaviso
Dada a incerteza sobre a transmissão, a Sesa determinou que, além das precauções padrão, sejam implementadas precauções contra aerossóis.
A orientação exige que os casos suspeitos sejam acomodados em quarto privativo, com boa ventilação e mantendo a porta fechada. A circulação de profissionais e pacientes na superfície deve ser reduzida ao mínimo. O protocolo estabelece ainda que as visitas a pacientes suspeitos de internação “devem ser evitadas” e que os pacientes não devem ser movimentados desnecessariamente pela instituição.
Medidas de sobreaviso devem ser mantidas até que o paciente receba subida hospitalar. A nota reforça a premência de limpeza rigorosa das mãos, intensificação da limpeza de superfícies e protocolos específicos para manuseio de roupas e resíduos.
Coleta de exames e tratamento
O documento detalha o multíplice processo de investigação laboratorial, que inclui amostras ambientais e biológicas. Uma orientação sátira da Sesa é que todas as coletas (de superfícies, chuva, ar condicionado ou do paciente) devem ser realizadas antes de qualquer limpeza terminal, desinfecção ou início de tratamento medicamentoso.
Para os pacientes, o protocolo exige a coleta de swabs nasofaríngeos, soro, sangue para hemocultura e urina para detecção de antígenos de Legionella pneumophila. O Laboratório Mediano (Lacen/ES) está realizando uma varredura que inclui testes para arbovírus (Dengue, Zika, Chikungunya), fungos, bactérias, Mycobacterium tuberculosis e sequenciamento metagenômico capaz de identificar 295 patógenos respiratórios.
A Sesa também padronizou o manejo médico. Pacientes ambulatoriais (sem internação), caso tenham exames alterados, devem iniciar tratamento com antibióticos e receber atestado médico de 7 dias. Pacientes que necessitam de internação devem ser submetidos a tomografia de tórax e exames de sangue mais complexos, seguindo regimes de tratamento semelhantes.
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